Arte na Vila: a cultura como potencializadora do território 

O bairro da Vila Albertina foi palco de uma intervenção artística que envolveu a Gol de Letra e a comunidade em um processo de construção coletiva. Saiba mais! 

A música e as cores invadiram a manhã do dia 29/06 na Vila Albertina, Zona Norte de São Paulo. De modo que os moradores do bairro, acostumados a transitar por uma travessa cinzenta próxima ao Cemitério do Horto, deram de encontro com uma intervenção artística organizada pelo Programa de Jovens da Gol de Letra. 

Trazendo pincéis, tinta, cartazes, caixas de som, máquinas fotográficas e microfones, os educandos ocuparam o espaço e estenderam o convite à comunidade, estimulando uma verdadeira celebração da cultura periférica.  

“Desde fevereiro, a gente vem trabalhando com os jovens as linguagens artísticas expostas no evento: grafite, teatro, dança, foto e vídeo. Como resultado desse processo pedagógico, a intervenção dialoga com o princípio multiplicador da nossa metodologia, envolvendo a comunidade nessa culminância”, explica Edson Batista, educador da oficina de Teatro e Dança.  

Educandos do Programa de Jovens no evento Arte na Vila, em São Paulo.

Articulação comunitária: o primeiro passo 

Para que o evento fosse possível, a equipe da Gol de Letra conduziu um trabalho em três frentes. A primeira delas envolveu o Serviço Social na articulação com as lideranças locais e moradores do bairro. Detalhes como horário, local e duração foram previamente combinados, a fim de respeitar a dinâmica do território. 

A segunda frente passou pelos educadores do Programa de Jovens, que definiram os objetivos de aprendizagem a serem alcançados nessa experiência. Já a terceira envolveu os estudantes na escolha de temas, organização da agenda e preparo para a exposição.  

“Dessa forma, os estudantes tiveram a oportunidade de interagir com a identidade existente no território e potencializar esse espaço a partir das habilidades artísticas que desenvolveram, reforçando o papel da arte na criação de vínculos e afetos”, reforça Ismael Pinheiro, Analista Pedagógico do Programa de Jovens. 

Além das apresentações culturais, o Arte na Vila também contou com uma oficina de leitura para as crianças do bairro.

Arte na Vila: educação afetiva e efetiva

Sem dúvida, a educação é mais efetiva quando abre espaço para o protagonismo dos educandos. Foi o que concluiu Roberta Rebouças, 16, que participa das quatro oficinas do Programa de Jovens. No Arte na Vila, ela contribuiu com uma apresentação de dança e com um grafite no muro do bairro.  

“Essa é a primeira vez que eu trago minhas habilidades para a rua, e é uma oportunidade incrível de mostrar o meu processo de desenvolvimento. Quando entrei na Gol de Letra, eu era muito tímida e insegura. Agora, entendo que cada um tem um estilo artístico próprio e por isso me sinto muito mais à vontade para me expressar”, complementa a jovem.  

Rebeca Rebouças e seu grafitti no muro da Vila Albertina. 

O mesmo vale para Kauã Amorim, 16, educando das oficinas de Teatro, Dança, Foto e Vídeo. “A arte e a cultura são fundamentais para o desenvolvimento de pessoas e territórios, e eu sou exemplo disso. Sou autista e cantei para a Vila Albertina, levantando essa bandeira e mostrando que podemos ocupar todos os espaços”, concluiu.  

Assim, os educandos do Programa de Jovens encerraram o semestre com mais do que apenas uma exposição. Além de modificar o ambiente, também contribuíram para movimentar o cenário cultural e devolver à comunidade o que aprenderam com ela. “Antes de mais nada, uma intervenção artística é um processo de construção coletiva. É a educação integral em sua máxima potência”, finaliza Ismael Pinheiro.  

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