Transformando Realidades: três anos de Preparatório para o ENEM da Fundação Gol de Letra

“Não existe tal coisa como um processo de educação neutra. Educação ou funciona como um instrumento que é usado para facilitar a integração das gerações na lógica do atual sistema e trazer conformidade com ele, ou ela se torna a “prática da liberdade”, o meio pelo qual homens e mulheres lidam de forma crítica com a realidade e descobrem como participar na transformação do seu mundo. ”

Paulo Freire.

Acreditamos que os cursinhos populares têm papel fundamental na vida das juventudes de favelas e espaços populares, impactando diretamente no cotidiano dos territórios em que se inserem. São a possibilidade de acesso ao Ensino Superior, mas também a necessária articulação entre os saberes e a ideação de transformar mundos. 

Historicamente temos uma trajetória nacional em que o acesso ao Ensino Superior é negado a boa parte da população pobre, negra, moradora de favelas. Vemos o acirramento desse contexto a partir da defesa de um projeto em que o acesso ao Ensino Superior não cabe a todas e todos.

Na tentativa de fazer parte da mudança de paradigmas e de ampliar as estratégias para que jovens alcancem seus sonhos, que estamos na realização do quarto ano do Preparatório para o ENEM da Fundação Gol de Letra no Caju (PRÉ-ENEM FGL). Nos anos concretizados buscamos uma “prática libertadora”, que para além do acesso à Universidade, almeja criar experiências cotidianas na formação das(os) jovens para lidar de forma crítica com a realidade.

Nessa pegada a Fundação Gol de Letra tem o orgulho de escrever em sua trajetória de atuação pela educação integral de crianças e jovens, e disseminação de práticas que contribuam para a transformação social, que 26 jovens e adultos do Pré-ENEM já estão inseridas(os) no Ensino Superior.

No ano de 2019, com uma turma de 31 jovens e adultos matriculadas(os), dos quais, em sua maioria (74%), de famílias que nunca acessaram o Ensino Superior, já somamos 7 aprovações em Universidades Públicas e Privada. Mesmo com os obstáculos que se fizeram presentes, com o desmonte e desmoralização do ENEM, assim como PROUNI[1] e FIES[2], onde mais de 30 mil estudantes tiveram sua prova corrigida de forma errada e os impactos durante todo o processo de inscrição no SISU afetaram a jovens de todo o Brasil.

Na superação desses obstáculos acreditamos quenossa história merece ser conotada, a história construída pelas(os) Jovens do Caju, aprovadas(os), que darão continuidade na preparação para o vestibular ou aquelas(es) que resolveram trilhar outros caminhos.

Destacamos aqui a presença das mães em sala, acolhidas pela equipe e vestibulandas(os), com rotinas de cuidados das(os) filhas(os) e acolhimento na escuta durante às aulas sem que precisassem desistir do tão sonhado retorno aos estudos. Àquelas(es) que precisavam trabalhar, e após longas jornadas chegavam à sala e um lanche coletivo já tinha sido organizado, o “gás” para aguentar a aula até às 21h30 estava garantido.

A galera da rotina de cuidado, que entendeu que “pegar no pé” para continuar estudando era preciso, mas que falar sobre saúde mental e processos de ansiedade na preparação para o vestibular eram ainda mais importantes. O pessoal do fundão, que animava a turma e sempre estava disposto para as conversas extrovertidas no intervalo. Estas são nossas conquistas cotidianas! E essas são conquistas para uma vida toda:

Bruna Lima Freire, 35 anos, professora, mãe da Stephany, reside no Parque Boa Esperança, no complexo de favelas do Caju. Em sua segunda graduação realiza agora o sonho de acessar a universidade pública, foi aprovada na UFRJ e é agora universitária do curso de biblioteconomia.

Juan Souza, 20 anos, morador do Parque Boa Esperança, no complexo de favelas do Caju, filho de mãe solo, artista de rua, organizador do SLAM do Caju, agora é universitário, aprovado na Universidade Estadual do Rio de Janeiro – UERJ, para o curso de Artes Visuais.

Antônia Gerlene, 31 anos, moradora do Parque Boa Esperança, no complexo de favelas do Caju, mãe do Tiago, frequentador assíduo das aulas e diversão para a rotina. Antônia agora é universitária, aprovada na Universidade Estadual do Rio de Janeiro – UERJ e PUC, para o curso de Pedagogia e Comunicação Social – publicidade e propaganda  respectivamente.

Antônia Gerlene, 31 anos, moradora do Parque Boa Esperança, no complexo de favelas do Caju, mãe do Tiago, frequentador assíduo das aulas e diversão para a rotina. Antônia agora é universitária, aprovada na Universidade Estadual do Rio de Janeiro – UERJ e PUC, para o curso de Pedagogia e Comunicação Social – publicidade e propaganda  respectivamente.

Cleiton da Conceição, 20 anos, o “nerd” da turma, sempre disposto a ajudar e compartilhar os conhecimentos. Reside com a mãe no Parque Boa Esperança, no complexo de favelas do Caju. Universitário, aprovado na UERJ para o curso de Administração.

Priscila Cunha, 27 anos, natural de Belém/PA, agora residente do Parque Boa Esperança, no complexo de favelas do Caju. Veio para o Rio de janeiro em busca de melhores condições de emprego e qualificação profissional, agora está universitária, aprovada na UFRJ para o curso de Educação Física, além desse sonho realizado, também conseguiu um emprego.

Venha você também fazer parte dessa história!!

Informações sobre o Pré-ENEM: Totalmente gratuito. Whatsapp (21) 98202-1060 

*Assistente Social do Programa Juventude e Oportunidade

[1] Programa Universidade para Todos

[2] Programa de Financiamento Estudantil do Governo

INSERIR RODAPÉ 1

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