ARTIGO: DESAFIOS E POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A JUVENTUDE
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Por Sóstenes Brasileiro de Oliveira*
A vulnerabilidade de jovens expostos à contextos de violência é um dos maiores desafios atuais do Brasil. Dois dados chamam atenção para a questão: os jovens representam 26% da população do País, ou seja, quase um terço da população total. Das vítimas atingidas por arma de fogo, 58% são jovens, segundo o estudo Mapa da Violência[1], no período de 1980 a 2014. Outro recorte mais detalhado, aponta que a maior parte destes, são jovens negros e moradores de áreas periféricas.
Especialistas consideram a juventude um espelho da sociedade. Nesse sentido é preciso refletir quais atores compõem esta realidade e o papel de cada um no processo formativo. Claramente temos a família, a escola e os serviços básicos de assistência na base estrutural da vida dos jovens. A qualidade da escola e desses serviços básicos são determinados pelos resultados das políticas públicas implantadas pelo governo, que são diretamente influenciadas pelo engajamento da sociedade civil, setor privado e a mídia.
Podemos dizer que um jovem absorveu experiências diferentes ao longo de suas vivências na infância nos ambientes familiar, comunitário e escolar. Valores, princípios, crenças e desejos são adquiridos com pessoas e em ambientes nos quais o jovem convive. Por isso, espaços educativos e comunitários devem ser fortalecidos como o alicerce da formação de jovens e adultos para que se tornem sujeitos que contribuam para o futuro dessa sociedade.
Infelizmente, no Brasil, ao longo de décadas, temos visto o desgaste de territórios urbanos nas regiões de baixa renda. Expostos muitas vezes à força do crime organizado, desprovidos de suporte e proteção dos equipamentos públicos, muitos jovens carregam ainda o histórico de discriminação e preconceito, que os tornam cada vez mais vulneráveis.
Mudar essa realidade é um desafio para toda a sociedade, para governos, iniciativa privada e organizações não governamentais. Diante desse contexto, a Fundação Gol de Letra, há quase duas décadas, atua no desenvolvimento de ações multidisciplinares como práticas esportivas, educativas e culturais, discussão e defesa de igualdade de direitos, cidadania, valorização da diversidade, conhecimento, qualificação profissional e inserção produtiva no mercado de trabalho.
Entre os projetos específicos para jovens, destacamos o “Juventude e Oportunidade”, realizado no Rio de Janeiro, no bairro do Caju, onde são oferecidos cursos para qualificação profissional, educação básica (fundamental e médio), curso Pré-Enem, visando o acesso à universidade, além de atividades de formação cultural, empreendedora e de habilidades sociais.
Já em São Paulo, o “Programa de Jovens” acontece na Vila Albertina, em parceria com escolas públicas do bairro. Promove oficinas artísticas, de comunicação, preparação para o mundo do trabalho e cursos de formação técnica e qualificação profissional.
A Fundação Gol de Letra trabalha para formar jovens conscientes de suas potencialidades e preparados para a vida adulta. Incentivamos a visão crítica e o senso de coletividade. Apoiamos projetos de vida e sonhos. Lutamos para colaborar com a garantia dos direitos e construção de um futuro pacífico e próspero para a juventude.
[1] Waiselfisz, J.J. Mapa da Violência. 2016|Homicídio por armas de fogo no Brasil, disponível em www.mapadaviolencia.org.br.
*Diretor geral da Fundação Gol de Letra
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