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Educação Integral e em Tempo Integral: qual é a diferença?
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Entenda como diferenciar os dois conceitos e saiba mais sobre a atuação da Gol de Letra com a educação integral.
Apesar de compartilharem um contexto educacional, os conceitos de “Educação Integral” e “Educação em Tempo Integral” são bem diferentes. Enquanto um está associado aos valores formativos dos educandos, o outro está centrado na forma como esse processo se estrutura nas escolas.
“É justamente aqui que ocorre a confusão. A educação integral é aquela que leva em consideração a realidade na qual os educandos estão inseridos, em diálogo com a escola, com o território e com a comunidade. Nesse caso, não há relação direta com a carga horária escolar”, explica Raí Souza Vieira de Oliveira, Diretor-Executivo da Fundação Gol de Letra.
Ou seja, é possível garantir a educação integral em uma configuração de tempo integral. Mas, não necessariamente, uma escola em tempo integral assegura uma educação que responda aos princípios da integralidade.
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Mas, afinal, o que é educação integral?
A educação integral é um processo contínuo de desenvolvimento que abrange todos os aspectos formativos de um indivíduo: físico, intelectual, relacional, cultural e social. Em outras palavras, é o que chamamos de educação para a cidadania.
Segundo o Centro de Referências em Educação Integral, “é também trajetória social e trilha individual, em que valores, linhas de pensamento e formas de organização coletiva se fundem com as escolhas, preferências e habilidades de cada um”.
Nesse sentido, a Educação Integral parte do princípio de que todo educando é um sujeito que carrega uma relação com o território do qual faz parte. Por isso, o diálogo com esse contexto externo é o que caracteriza todas as propostas curriculares.
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Educação em Tempo Integral: oportunidades e desafios
Na prática, a educação em tempo integral significa ampliar o tempo de permanência dos estudantes nas escolas. O objetivo do Ministério da Educação (MEC) é alcançar uma carga horária de, no mínimo, sete horas diárias ou 35 horas semanais.
Não à toa, o Plano Nacional de Educação (2014-2024) também estabeleceu essa meta na legislação brasileira. A ideia é que 50% das escolas públicas ofereçam educação em tempo integral para atender, pelo menos, 25% dos estudantes da educação básica.
No entanto, essa modalidade de ensino no Brasil não avançou como esperado. De acordo com o último relatório de monitoramento do PNE, apenas 22,4% das escolas brasileiras ofereciam vagas em tempo integral em 2021.
Embora o ensino em tempo integral traga benefícios para a aprendizagem, consolidados a partir experiências bem-sucedidas em países como Austrália e Finlândia, a desigualdade socioeconômica brasileira pode ser um obstáculo para a efetivação dessa modalidade.
Dados de uma pesquisa realizada pelo Datafolha e encomendada pelo Todos pela Educação, em 2024, mostram que sete em cada dez jovens entre 14 e 16 anos afirmam que pretendem estudar e trabalhar durante o Ensino Médio. Desse total, a porcentagem é maior entre estudantes de escolas públicas (74%) quando comparada à de estudantes de escolas particulares (55%).
Educação Integral: a causa da Gol de Letra
Em essência, os projetos da Gol de Letra são pensados para garantir dupla proteção de direitos para as crianças e adolescentes. Na prática, isso significa associar uma proposta pedagógica às políticas de proteção social.
“Ter um olhar de Educação Integral significa fazer um trabalho integrado com a área social, com a família e com a comunidade. É pensar na formação dos educadores e ter todo um cuidado para que o educando se desenvolva plenamente”, complementa Felipe Pítaro Ramos, Gerente da Gol de Letra no Rio de Janeiro.
Além de ofertar atividades de esporte, cultura e lazer no contraturno escolar, a Fundação mobiliza agentes comunitários e uma rede parceira composta por unidades de saúde, serviço social e conselho tutelar.
De modo que, tanto na Vila Albertina (São Paulo) quanto no bairro do Caju (Rio de Janeiro), o objetivo das ações é contribuir para o desenvolvimento individual e coletivo nos territórios atendidos, tendo a educação integral como ponto de partida.