Para além da sala de aula, o conhecimento também se transmite por meio de ações de cidadania, jogos, brincadeiras e arte. Assim, desenvolve-se um ser humano completo, capaz de virar o jogo da vida. Atividades de leitura e escrita, educação física, capoeira, informática, dança, música, brinquedoteca/jogoteca, diálogos sobre sexualidade e diversidade movimentaram o amplo repertório do programa Virando o Jogo, realizado na Vila Albertina, em São Paulo.
A Educação Integral é a base do programa, que considera tanto o desenvolvimento da criança, do adolescente e do jovem quanto as relações estabelecidas em seu contexto: família, escola e comunidade.
O trabalho interdisciplinar de 2015 foi norteado pela temática da Tecnologia, escolhida pelos educadores, crianças e adolescentes, e desenvolvido por meio de seus múltiplos significados, relacionando-os com as experiências cotidianas. O encerramento do projeto aconteceu na Feira Cultural realizada em novembro, com apresentações e exposições que foram compartilhadas com as famílias e amigos dos participantes e com a comunidade.
Oficinas temáticas desenvolveram a autonomia e interação dos educandos, por meio de linguagens como hóquei, basquete beat, ginástica rítmica, jogos de tabuleiro, futebol, artes em mosaico, violão, maculelê, berimbau, massagem e relaxamento.
Houve também oportunidades para descobrir o que é diferente. Foram organizadas atividades que envolveram atitudes e valores positivos, tais como respeito ao próximo, valorização e convívio com as diferenças. Estes momentos, chamados de Dia D - Dia Diferente, tiveram três edições ao longo do ano. Outras atividades como Carnaval, Aniversariantes do mês, Semana da Criança, Dia da Leitura, Dia da Consciência Negra e Projeto Férias, também colocaram os participantes em contato com outras rotinas, espaços e vivências, ampliando a experimentação das crianças e adolescentes. Já as atividades externas promoveram a circulação pela cidade, visitando espaços culturais, esportivos e de lazer.
A participação da família foi fundamental para atingir os objetivos do programa. Ao longo do ano foram 13 encontros, sempre abordando assuntos de interesse comum e familiar. As reuniões apresentaram boa frequência e foram consideradas “ótimas” por 85% dos presentes.
A formação de monitores é outra estratégia utilizada no Programa, com o objetivo de investir nos jovens como multiplicadores de atitudes e conhecimentos e prepará-los para agir com autonomia e protagonismo. Os adolescentes receberam formações prática, teórica e uma bolsa-auxílio mensal. Com foco na prática, os monitores desenvolveram atividades com as crianças e adolescentes, sob supervisão de um educador. A formação teórica é dividida em específica – sobre a atividade trabalhada pelo monitor – e comum, que aborda temáticas da juventude como sexualidade, projeto de vida, cidadania, orientação profissional, entre outras.
240
crianças e adolescentes, de 7 a 14 anos, atendidos diretamente
17
monitores, de 15 a 18 anos
170
dias de atividades no período
da manhã
166
dias de atividades no período da tarde
80%
das crianças e adolescentes com frequência satisfatória nas atividades
213
dias de atividades de formação
99%
jovens com frequência satisfatória nas formações
94%
das turmas com nível satisfatório de aprendizagem nas áreas de Leitura e Escrita, Educação Física, Capoeira, Dança e Música
90%
das turmas com nível satisfatório de competências sociorrelacionais
81%
dos jovens monitores com aproveitamento global satisfatório
90,5%
das crianças e adolescentes gostam mais de aprender
90,5%
das crianças e adolescentes se sentem mais capaz e gostam mais de si mesmos
96,5%
disseram que as atividades da Gol de Letra proporcionaram alguma mudança nas Famílias. Entre as mudanças citadas, os(as) filhos(as):
80%
das crianças e adolescentes têm mais capacidade para fazer suas próprias escolhas
73%
das crianças e adolescentes conseguem expor melhor suas ideias
78%
das crianças e adolescentes melhoraram o desempenho escolar
“Na oficina de Sexualidade aprendemos diversas coisas como cuidar do corpo, doenças sexualmente transmissíveis, preservativos masculino e feminino, diafragma, pílula do dia seguinte, entre outras. Também vimos que não se deve bater na mulher, não ter preconceitos como homofobia e racismo. Resumindo, aprendemos muita coisa esse ano, foi muito educativo”.
Deyse Gonçalves, 30 anos, Agente Social
“A Gol de Letra me ensinou muitas coisas. Participei do Virando o Jogo durante seis anos e meio e agora quem participa é meu irmão. Sempre levamos para casa o que fizemos aqui, desde as brincadeiras até os aprendizados em computadores, artes, música entre outras coisas. As atividades unem a comunidade como, por exemplo, o carnaval de rua, as caminhadas e a rua de lazer, quando quem não é da Fundação também entra na brincadeira. Isso ocupa a mente das pessoas com coisas boas. Também tem os cursos à noite que ensinam muitas coisas”.
Tayná Souza Lacerda, ex-participante do VJ e irmã de Kauê Souza Braga, 10 anos, 3º ano, 3 anos no Virando o Jogo
“De forma geral, a visão das crianças em relação à comunidade mudou muito. As atividades, as cores e a forma de realizar as coisas, dialogar em família, criar brinquedos com material reciclável, resgatar as brincadeiras de infância”.
Kelli Priscila Ferreira, mãe de Pietro Siciliano Ferreira Santiago Oliveira, 09 anos, 4º ano, 3 anos no Virando o Jogo