Educação Antirracista no Brasil: Desafios e compromissos para uma sociedade mais igualitária

Texto: Iara Santos, educadora de esportes da unidade São Paulo

O Brasil é o país com a maior número de pessoas negras fora do continente africano, representando 56% de sua população. Apesar de constituírem a maioria da população brasileira o racismo e a desigualdade social persistem em nosso território. Para discutir sobre antirracismo é fundamental compreender essas condições e o percurso histórico que as desencadeou.

Totalizando cerca de 86 milhões de pessoas, a população negra no território brasileiro é resultado do tráfico negreiro iniciado em no século XVI com o objetivo de fornecer uma mão de obra forçada para gerar lucro aos colonizadores, dessa forma a prática da escravidão durou cerca de 4 séculos e quando foi abolida não foram adotadas políticas públicas integradoras para pessoas recém-libertas na sociedade, iniciando assim um abismo de desigualdade social e racismo que persiste os dias de hoje.  

Considerando que nascemos, crescemos e nos desenvolvemos sobre uma exploração que recai sobre o povo preto e indígena o racismo é uma estrutura construída em nossa sociedade. Nesse contexto, Ângela Davis, filósofa reconhecida por integrar o movimento Panteras Negras, destaca: “Numa sociedade racista, não basta não ser racista; é preciso ser antirracista.” Para reduzir essa desigualdade, é essencial adotar uma educação antirracista desde os anos iniciais da educação básica.

A luta contra o racismo, especialmente no ambiente educacional, é respaldada por lei. Em 2003, a Lei n° 10.639 foi instituída, alterando a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e se tornando obrigatório o ensino da história e cultura Afro-Brasileira. Assim há duas décadas, não é mais opcional para os educadores abordarem questões raciais em suas atividades. Apesar dos avanços, é crucial olhar criticamente para o que foi conquistado e considerar que a luta por uma sociedade igualitária continua. Uma aplicação eficaz de uma educação antirracista é imprescindível. Para atingir esse objetivo, é necessário que o educador se preocupe em aprender constantemente sobre o assunto e conhecer o tema além da visão colonizadora.

Não é suficiente que os educadores abordem apenas o racismo e a escravidão. É necessário também explorar a negritude, apresentar referências literárias de autores negros e destacar as conquistas desse povo na ciência, esporte, arte e tecnologia. Além disso, oferecer aos educandos negros um espaço de fala acolhimento e escuta é fundamental.

Referências:

Lei 10.639 de 9 de janeiro de 2003. D.O.U. de 10 de janeiro de 2003.

Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Brasília: MEC, 2004.

FONSECA. Especial O Ministério da Saúde e o PNI | A cor da desigualdade: a Política de Saúde da População Negra. FIOCRUZ, 2023.

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