
Educação, Esporte e Assistência Social: um encontro de saberes e práticas para transformar territórios
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A atuação intersetorial entre Educação, Esporte e Assistência Social tem se mostrado não apenas possível, mas urgente e necessária em territórios vulnerabilizados. Essa foi a premissa do II Seminário “Educação, Esporte e Assistência Social: uma articulação possível e necessária”, realizado pela Fundação Gol de Letra no dia 8 de maio, como parte das ações do Projeto Inspiração Caju, patrocinado pela Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental.

O evento aconteceu no campus da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), com o apoio da Faculdade de Serviço Social, reafirmando o compromisso com a promoção de direitos, a equidade social e o fortalecimento das redes de proteção comunitária. Todas as mesas estão disponíveis na íntegra no canal da Fundação no YouTube — um convite para quem deseja se aprofundar nas reflexões e experiências compartilhadas durante o seminário.
Mesa 1 – Educação antirracista na primeira infância

Com mediação de Tássia Boldrini, Doutora em Educação e gestora do CIEP HENFIL, a mesa reuniu Maíra Santos, diretora da Escola Maria Felipa, Luciana Guimarães Nascimento, da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, e Sandy Lara, educadora da Fundação Gol de Letra. O debate trouxe à tona a urgência de práticas pedagógicas que valorizem a diversidade étnico-racial desde os primeiros anos de vida.
As convidadas compartilharam experiências desde a construção de uma escola afro-brasileira com currículo decolonial até a implementação de políticas públicas que integram as Leis 10.639/03 e 11.645/08 à matriz curricular da educação infantil. Sandy Lara, destacou a importância da escuta sensível, da literatura infantil antirracista e da formação continuada na construção de uma sociedade mais democrática e inclusiva. Para ela, o antirracismo não deve ser tratado como um tema pontual, mas como um princípio estruturante de toda a prática educativa.
“Trabalhar na infância a partir de perspectivas anticoloniais reflete diretamente numa sociedade mais democrática e antirracista.” — Sandy Lara
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Mesa 2 – Interseccionalidade e esporte educacional

Com falas inspiradoras de Thaya Pereira, educadora da Fundação Gol de Letra, Vanessa Ramos, Educadora Física e Bailarina, Denise Sepúlveda, Professora da Faculdade de Educação da UERJ, doutora e pós-doutora em Educação, sob mediação de Gabriel Magalhães da Fundação Gol de Letra, a segunda mesa discutiu como gênero, raça e território se entrelaçam nas práticas esportivas e educativas. Thaya compartilhou sua experiência com a ginástica rítmica no Caju, desafiando estereótipos e promovendo inclusão pela valorização das culturas corporais locais.
Vanessa trouxe a perspectiva da escola pública, destacando a importância do pertencimento e da identidade na formação das crianças.
Denise provocou reflexões profundas ao lembrar que a história oficial foi escrita por homens brancos e ricos, apagando mulheres negras, indígenas e pobres. Ela destacou que a interseccionalidade, conceito criado por mulheres negras como Lélia Gonzalez, revela como diferentes opressões se cruzam no corpo das pessoas.
Denise ressaltou que não basta desenvolver atividades para meninas se forem apenas brancas e de classe média. É preciso olhar para meninas negras, indígenas, trans e com deficiência.
Ela enfatizou a necessidade de práticas pedagógicas inclusivas que acolham corpos diversos e marginalizados. Além disso, defendeu a escola como um espaço de acolhimento e pertencimento real.
Denise lembrou ainda que o combate ao racismo é responsabilidade de todos e que a transformação social acontece por meio de pequenas ações pedagógicas e escuta atenta às vivências das pessoas oprimidas.
“A interseccionalidade é uma ferramenta para combater opressões e construir práticas mais justas.” — Denise Sepúlveda
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Mesa 3 – Saúde mental e desafios na educação

Mediada por Larissa Carvalho, psicóloga da Fundação Gol de Letra e mestranda em Psicologia pela UFF, a terceira mesa do seminário mergulhou em um tema urgente e sensível: os desafios da saúde mental nos espaços educativos, especialmente em contextos periféricos.
O diálogo contou com a participação de Daniele Varela, pedagoga, psicopedagoga e educadora da Fundação Gol de Letra; Numa Ciro, psicanalista, poeta e doutora em Ciência da Literatura pela UFRJ; e Adriana Barcelos, bailarina, professora da rede pública e pós-doutoranda em Psicologia.
Daniele trouxe à tona a importância de práticas pedagógicas centradas no afeto, na escuta ativa e na valorização da subjetividade das crianças. Defendeu uma abordagem que vá além dos diagnósticos, reconhecendo a complexidade e a singularidade de cada trajetória infantil.
Numa Ciro apresentou uma crítica potente à lógica da medicalização e da padronização escolar, propondo uma educação que acolha a diversidade cultural e valorize os saberes das periferias. Sua fala foi marcada por referências à cultura hip hop, à psicanálise e à potência transformadora da arte.
Adriana emocionou o público ao compartilhar experiências de inclusão por meio da dança, revelando como o corpo, o movimento e o afeto podem abrir caminhos para o protagonismo e a cidadania. Inspirada por Nise da Silveira, ela defendeu a arte como ferramenta de cuidado e transformação social.
“Acolhimento é a palavra-chave para promover saúde mental na escola.” — Adriana Barcelos
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Um convite à transformação
O seminário foi um espaço de escuta, troca e construção coletiva. Um chamado à ação para todos que acreditam na potência da educação, do esporte e da assistência social como caminhos para a justiça social.
Assista agora às mesas completas no canal da Fundação Gol de Letra no YouTube.
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O projeto InspirAção Caju conta com o patrocínio da Petrobras através do Programa Petrobras Socioambiental.
